sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A perda de um ente querido

Dei comigo hoje, mais uma vez de tantas vezes, a pensar na minha avó materna, a avó Quinhas, falecida no dia 25 de Dezembro de 2010 subitamente, repentinamente, sem pré-aviso... Simplesmente morreu! Sem grande sofrimento, e em plena alegria num dos dias de que mais gostava. Morte para ela feliz, para os que não esperavam semelhante coisa triste e inconsolável morte.
Lembrei-me como tantas vezes de pequenas coisas que ela fazia: as suas rendas, o seu famoso e inimitável bolo de ló, a sua canja empapada, os seus sumos das "américas" com cores mirabulantes, as suas reprimendas a mim e aos meus primos quando fazíamos das nossas quando éramos miúdos e passávamos lá os domingos em grande algazarra, dos jantares de passagem de ano com a família toda extintos pela nossa resistência em comparecer, dos lanches no dia do seu aniversário, do almoço que por vezes se fazia no dia das amigas, da sua comparência nas nossas casas nos "jantares da festa" que instituímos.
Lembro as visitas lá a casa nos dias de Carnaval quando os nossos pobres rabos já não suportavam as cadeiras da sociedade, os pensos que lhe fiz (ao que ela sempre dizia "foste para tanto longe nossa Dora"), os cortes de unhas dos pés e mãos e o seu pedido, sempre proferido, para que as unhas dos polegares ficassem maiorzinhas para ela poder descascar qualquer coisa, lembro as visitas, em que ia eu de chauffer, que ela fazia aos seus irmãos e familiares e que muito pouco foram retribuídas, lembro quando me dava o braço para poder se deslocar com alguma segurança e das directrizes que lhe dávamos "agora tem um degrau vó".
Lembro os nossos breves telefonemas geralmente ao sábado e o seu último convite para ir ao seu menino, sem que suspeitasse que ela viria a falecer e que não a veria viva mais uma vez.
Agora resta-me a mim e à nossa família superar a perda e recordá-la sempre como uma mulher de família, uma boa avó e uma mulher actual, que adorava as novas tecnologias e que se adaptou sempre ás novidades.
Fica um beijo grande para ela.

1 comentário:

  1. Se o caso não fosse de tristeza, como comprovam as lágrimas ácidas que me correram pelo rosto, diria BRAVO! Foi uma bela descrição das memórias que a avó nos deixou!
    Será mesmo verdade que ela nunca mais vai telefonar à mãe na hora do jantar de domingo? Será que terminaram as nossas reprimendas sobre a sua dieta? E os "assaltos" ao armário das bolachas! Oh "Vó" deixaste um grande vazio no nosso peito...

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